Meu livro está em pré-venda!

E depois de alguns meses eu retorno para dizer que sim, você já pode adquirir seu livro e presentear alguma criança querida! A Editora Pendragon já disponibilizou a pré-venda de A Garota que Cantava Estações em sua loja, e Aurora mal vê a hora de encantar o seu lar com as suas canções.

Antes do original ser enviado para a editora, encaminhei ele para três psicólogos de linhas diferentes para garantir que esse livro seria útil e apropriado para crianças, então, querida família, você pode sossegar o coração e aproveitar a história!
PARA GARANTIR O SEU EXEMPLAR, CLIQUE AQUI! O LIVRO TÁ LINDO!

TERMINEI MEU PRIMEIRO LIVRO!

Olá! Sei que faz uma eternidade desde que postei alguma coisa aqui, mas a verdade é que passei por altos e baixos nesse tempo. No meio da confusão, consegui concluir meu projeto infantil chamado A Garota que Cantava Estações, e é sobre isso que falo nesse vídeo abaixo.

É muito louco escrever sobre algo tão presente na minha vida quanto a depressão, e sei que é triste ler isso, mas o que importa é que dei meu melhor para fazer algo mágico com tanta dor.

O livro fala sobre como o externo nos afeta e conta a trajetória de Aurora para lidar com isso da melhor forma possível. Claro que as coisas saem do controle, mas é assim mesmo e tá tudo bem. A gente aprende com a dor, com os erros, assim como aprendemos com amor e cafunés também. Tudo é percurso e evolução.

Conto com seu apoio nessa nova jornada! 

BOAS FESTAS!

      Ah, o clima de natal!

      Espio pela janela e sim, ele foi libertado. Ninguém sabe por onde o clima de certas coisas pessoas e épocas anda durante o resto do ano, mas de repente ele chega e o mundo muda. Ele contorna tudo de um jeito único. É como uma fumaça tóxica que envolve as pessoas e quando elas piscam já não são mais as mesmas. Há sorrisos, há esperança. Há palavras bonitas e positivas, há organização, planos, votos. Há comprometimento. Há criatividade e solidariedade.
Fecho as cortinas. Não quero saber de toda essa merda passageira. A única coisa que me envolve no momento são as lembranças de tempos em que eu também me sentia assim, que os sinos badalavam em meu peito e eu me metia em tudo que fosse evento natalino para que eu pudesse sentir meu corpo elevar com o toque mágico. Hoje eu estou um caco, não porque é dezembro, mas sim porque esse tem sido o meu estado natural. Todo o meu corpo lentamente introduzido no fogo ardente, me transformando em vidro, me moldando e esculpindo. Depois de pronta, a fragilidade flerta com o machado, que se sentindo totalmente convidado a destruir meu corpo, golpeia. Estilhaça. Cada célula agora é caco. Eu não os cato, não preciso. Eles estão grudados na minha pele, graças ao riacho de sangue de cada dia.
Não dá pra ficar lamentando muito, o tempo passa e a gente nunca faz nada. A gente levanta e olha para o passado, pensa no futuro, esquece o presente ou usa o presente para planejar o presente, algo conhecido como procrastinação, mas que em questão de segundos já virou passado também. Onde eu coloquei aquela calça?
Ah sim, coloquei para lavar. Ainda está suja. O terror de cada dia é ser obrigada a sair de casa vestida à contra gosto, mas saio. Saio atrasada, sem comer nada e o corpo suplica por atenção e cuidados. Normal. Totalmente normal. Carência física, emocional. As pernas vacilam um pouco e minha pressão cai, paro e respiro fundo por dois segundos e embarco na aventura de descer todas essas decidas até o metrô.
Na parede de uma loja, para o lado da rua, está uma caixinha azul e bonita. Nela está escrito “Boas Festas!” e eu me curvo para olhar dentro. A gente sempre acha que vai encontrar algo legal em algum lugar da nossa vida, algo que nos surpreenda e que faça o dia valer a pena. Uma profissão que não faça ser torturante levantar da cama, um relacionamento que nos foda como deve foder e nos cuide como deve cuidar. Mas quando olho para dentro da caixa, há uma bosta de cachorro partida em dois pedaços. Surpresa!!! Boas festas para você também. A vida é mesmo uma caixinha de surpresas, mas ninguém disse se eram boas ou ruins.
Sigo o meu caminho. “O que eu posso fazer para que as coisas não me pareçam tão infelizes?” eu me pergunto. Começo a lembrar dos meus relacionamentos passados e tento buscar neles a sabedoria da duração. Como passei por tanta coisa chata com eles? As memórias me invadem lentamente e uma estratégia começa a se formar. Mas pera lá. Não, não é bem assim. Esse é outro relacionamento e isso que eu estou sentindo é algo completamente novo. Como vou resolver? Não posso simplesmente lidar com as coisas sozinha. Deve ser nesse momento que as pessoas desistem. As outras pessoas, eu não.
É que quando se pensa em desistência, já não há amor. Não há mais cumplicidade, não há mais sorrisos sinceros, não há mais verdades e nem respeito. Aqui, há tudo. Nada se perdeu. Porque o sentimento que paira em mim é esse que não sei nomear? Todo mundo ama se apaixonar e conhecer a pessoa, conversar sobre os mistérios da vida, universo e tudo o mais. Todo mundo ama os calafrios e a ansiedade gostosa que bate ao saber que irá encontrar a pessoa-alvo. Todo mundo gosta do começo, onde é possível acordar sorrindo por saber que não é um sonho que você está com aquela pessoa. É a realidade. É a sua realidade e ela vai continuar aí amanhã e depois, e depois e depois e por muitos dias, meses, anos. Isso soa entediante para você? Se sim, você pode largar essas páginas e ir ler qualquer outra coisa. Para mim, mesmo agora diante dessa nova fase da minha vida, isso não me parece nem um pouco chato. Eu sonho com todas as coisas que ainda quero fazer, todos os lugares que poderemos ir, todas as vezes que vamos cozinhar juntos, todos os filmes que vamos ver, todas as conversas que iremos ter, todas as transas sensacionais que continuarão a acontecer. É lindo.
Espero o metrô encostar na plataforma. Ele está decorado de vermelho, há um Papai Noel e renas e talvez um símbolo da Coca-Cola, a patrocinadora oficial do natal. Eu entro, e enquanto o vagão se move eu posso ouvir a música dos sinos pendurados nos pescoços das renas. Eu estou subindo. Lembro de todos os filmes com temática natalina que eu estaria assistindo desde o primeiro dia de dezembro até, finalmente, a noite de natal. Atualmente, tudo o que eu quero é apenas não ter que trabalhar no dia 24. Algumas pessoas me olham. Eu não sei interpretar o olhar delas. Não consigo fazer muita coisa além de botar as coisas que me incomodam em ordem, ou ao menos tentar. Está cedo demais.
Encosto o rosto contra a barra e me abraço nela, meu apoio e companhia de todas as manhãs das 9:15 até 9:20. As portas se abrem e eu desço na estação seguinte. É o mesmo trajeto de todos os dias por quase um ano e agora não consigo nem sentir aflição. Só a aceitação devastadora e tediosa. Eu caminho buscando algo novo, uma flor que não notei ontem, um grafite recente de um moleque que provavelmente não dormiu em casa essa noite, uma moeda. “Eu ainda gostaria de ter um natal branco”, digo mentalmente e sorrio para o nada. Sim, eu gostaria. Seria um mês aconchegante, estaríamos embrulhados em cobertas enquanto a fumaça do chocolate quente formaria uma nuvem delicada e se espalharia pela casa. Eu correria de meias grossas até o colo, aquele colo, o melhor do mundo, e depois de comer iríamos brincar no gelo. Eu amo brincar.
As portas do trabalho se abrem e eu me arrasto para dentro, sem alternativa. Não quero. Me recuso. Hoje é um daqueles dias que não dá para atender pessoas. Eu imagino o taco de basebol segurado bem firme em minhas mãos e sangue pintando as paredes brancas da loja. “Vai ser a minha decoração de natal. Posso até pendurar algumas bolas”. Saio para comprar algumas canetas diferentes e quando volto me sento bem ao fundo para desenhar e não ser incomodada. Eu amo desenhar.
Começo a pensar sobre o que vou dar de presente para o meu amor, mas o que eu mais queria dar era exatamente esperança. Cumplicidade. Segredos. Sonhos. Não sei se posso passar tudo isso no cartão de crédito e parcelar em 12x, mas gostaria que isso durasse o próximo ano inteiro, até que eu pudesse renovar o presente. Posso tentar passar no débito, mas não sei se o agora paga meus desejos para o amanhã. O que pulsa em meu peito nesse instante é a certeza de não querer ser o que sempre fui e fazer o que sempre faço por medo de enfrentar novos problemas. Eu ainda quero poder sentir a magia, mesmo que eu seja um caco.
Talvez eu possa me transformar em um caco de garrafa de Coca-Cola e toda vez que ele me ver, tenha um vislumbre gracioso de como é dançar em uma noite natalina com os cabelos salpicados pela neve. Talvez ele junte os cacos e cole. Talvez minha beleza seja todos esses caquinhos que brilham sobre a luz tão macabra que repousa sobre a minha vida. Talvez eu possa ser a estrela do topo da árvore dele. Será que ele ainda lembra que eu também sou a árvore?
Acho que escolhi meu presente. Vou me enrolar em luzes de natal e me embrulhar numa caixa azul bem bonita com um “Boas Festas” na frente. Quando ele abrir, vou dizer: Surpresa!!!

      Talvez ele fique feliz ao me ver.

Esse texto foi escrito próximo ao natal do ano passado, mas como era exatamente assim que eu me sentia na época, achei invasivo demais postá-lo. Agora, aqui estamos nós, eu longe daquele trabalho infernal e longe de todas essas questões, pronta para viajar com o meu amor. Uma perspectiva bem melhor, né?

Espero que tenham gostado, e boas festas! Até 2018!!!

NINHO DE FOGO – CORAÇÃO DE ESCAMAS (VÍDEO RESENHA)

Ao que tudo indica estou mais no clima de vídeos do que escrita, como vocês podem ver. Talvez eu esteja determinada a me soltar, particularmente acho que estou bem menos travada nessa resenha do que na primeira! Quem me acompanha aqui com certeza está mais acostumado a ler as coisas que eu escrevo mesmo, então não sei na verdade como está sendo para vocês esse tipo de interação mais inclinado para as recomendações. Ainda assim estou incentivando a leitura, não é mesmo?
Sinceramente, eu quero muito fazer outros vídeos poemas, mas é bem complicado. Preciso ter dinheiro para ficar saindo e procurando pelos lugares ideais para cada quadro, o clima precisa estar bom… São coisas que não dependem só de mim, mas obviamente não vou abandonar essa ideia. Eu sei que a maioria das pessoas que divulgam poemas no Youtube preferem recitar, mas eu sou extremamente tímida pra isso. Até falar de livro está sendo complicado pra mim, imagina então recitar na entonação certa para tocar o coração das pessoas. Anyway, escritores também são leitores, então enquanto não posso divulgar minhas coisas, quero divulgar outras coisas boas que temos no mundo. Inclusive, se alguém tiver interesse em divulgação, fale comigo, podemos tentar algo juntos, crescer juntos.
O vídeo de hoje é a resenha do segundo livro da trilogia Ninho de Fogo, da autora Camila Deus Dará e esse é o meu livro preferido dessa história maravilhosa. Então se você gosta de ficção e principalmente dragões, eu super recomendo essa leitura. Vem dar uma olhada, mas se você não viu a primeira parte, dá um pulo aqui antes para não ficar boiando!

Espero que tenham gostado e eu adoraria um feedback aqui e lá no canal mesmo, me ajuda muito!
Semana que vem tem uma crônica de Natal especial por aqui, então não esqueçam de conferir, tudo bem?

Por hoje é só e até a próxima dose!

NINHO DE FOGO – A MESTIÇA (VÍDEO RESENHA)

Já virou um hábito sumir daqui esse ano e, não se enganem, não estou bem com isso. Sempre que eu apareço digo que irei voltar, que estou tentando e tudo o mais. Talvez a verdade seja que eu quero tentar mas não estou conseguindo. Eu já me sinto uma pessoa bem sem garra, determinação… E aí a minha vida é imã para problemas. Se não consigo fazer as coisas sem complicações, imagina com elas.
Esse ano, sem sombra de dúvidas, foi um dos piores da minha vida. Desde o primeiro mês eu tive problemas, estive numa luta contra a porra do sistema (emprego) e depois de conseguir escapar tive que enfrentar os danos psicológicos causados por todo o estresse. Não houve um só mês em que eu não tive crises feias de depressão e ansiedade.
Por sorte, consegui um encaixe no psicólogo que meu marido vai e comecei as consultas em setembro. Posso dizer que já sinto uma melhora em alguns aspectos, mas ainda há muito para ser trabalhado. Como é em uma faculdade, agora eles já entraram em férias e ficarei sem consulta até as aulas voltarem, então terei que me virar sozinha. Um verdadeiro desafio.
Estive com esse novo projeto de fazer vídeos já que eu ando vivendo nesse inferno criativo da escrita, mas como eu disse, minha vida é imã para problemas. Logo que o box do Ninho de Fogo chegou, decidi que ia ler e fazer vídeos resenhando eles para vocês, já que é de uma autora brasileira e sinto no coração que devemos divulgar nossos autores. Decidi ler tudo e fazer a resenha da trilogia toda, mas logo que terminei, uma série de coisas aconteceu. Doença, clima péssimo pra gravar vídeo, falta de equipamento, falta de privacidade, falta de voz. Um caos. Na primeira oportunidade que tive, em novembro, sentei a bunda no banquinho e gravei. Aqui está:


Tive inúmeros problemas para gravar também. Eu gravo do meu celular e a qualidade já não é sensacional, mas devido a algumas razões eu tive que dar zoom e a qualidade caiu mais um pouco, mesmo eu pesquisando sobre alguns aplicativos de zoom. Tive problemas com o áudio, mesmo gravando ele separado em outro celular ficou ruim e optei por usar o da câmera mesmo. Tive inúmeras crises de ansiedade para gravar, já que sou completamente tímida e travada pra falar. Foram horas de gravação e deletando os péssimos resultados que obtive, até chegar nesse, que achei estar ok para uma iniciante. Com tudo isso, só consegui gravar a resenha do primeiro livro. Sim, eu disse que queria ler o box todo e gravar um vídeo resenha geral e eu realmente tentei, mas era informação demais pra um vídeo, então decidi separar mesmo. Agora estou aqui, esperando as circunstâncias abrirem pelo menos uma brechinha para que eu possa sentar e gravar os próximos.
Espero que tenham gostado, eu super recomendo essa trilogia sensacional. A Camila, além de ótima escritora, é uma pessoa extrovertida, educada e amigável, me respondeu em todos o lugares que entrei em contato com ela para mostrar esse vídeo. Ela também tem um canal, que já até recomendei aqui, falando sobre todo o processo de escrita dela e dando ótimas dicas. Os links para comprar o box e para o canal da Camila estão no box de informações do vídeo, não deixem de conferir!
O ano está acabando e, apesar de achar que isso não faz o menor sentido, desejo ter um começo bem melhor do que eu tive. Esse mês ainda irei postar uma crônica de natal que escrevi ano passado e não postei, então fiquem de olho! E se não for pedir demais, me enviem um pouquinho de força e energia positiva, para que o sangue, o sonho e os desejos de escritora voltem a correr pelo meu corpo.

Por hoje é só e até a próxima dose!

Fight Club!

Retirado do meu diário, dia 03/05/2017

Buk
Bukowski
Charles Bukowski
Alemão
Só que americano
Henry
Henry Chinaski
Entregador de cartas
Um merda
Safado
Bêbado
E escrevia pra caralho
Porque não tinha o que fazer
Porque amava
Porque queria
Porque achava uma merda ser escravo também.

Temos muito em comum, exceto o fator que eu sou uma merda pra escrever qualquer coisa. E EU NÃO SEI PORQUE!
Charles, você é meu Tyler da vez. Eu preciso da sua força, do seu amor, da sua coragem, do seu foda-se (principalmente do seu foda-se), da sua genialidade, da sua simplicidade, da sua sinceridade, da sua agilidade. Eu não posso continuar sendo eu até meu eu foda chegar, porque meu eu atual me dá vontade de me matar.
Eu não entendo que porra minha cabeça entende da vida. Eu não sei porque complicar tanto as coisas, porque odiar tanto as coisas, porque odiar ter que fazer coisas.
Na verdade eu sei, e é porque eu acho a vida totalmente ridícula e inútil, mas eu tô de saco cheio de achar isso. Não dá mais pra respirar assim, com esse peso.
Ontem eu estava determinada, ou fingindo que estava, isso é bem mais provável. Mas a verdade é que não dá. Me sinto amarrada vendo minha vida virar merda e ser incapaz de fazer algo pra impedir, pra mudar. Eu culpo essa desgraça de doença por isso. Eu culpo sim.
O Ayrton disse que o psicólogo não vai querer me convencer de que a vida é boa, porque ele estuda a mente humana e sabe que tudo é uma bosta. Então pra quê eu vou ir lá? Se ele sabe que é tudo fodido, vai dizer “só viva aí nessa merda e fique de boa”? Qual o propósito?
Se todo mundo descobrir que nada adianta pra nada, todo mundo morre e fim. Porque é tão ruim?
É só pra não falir o sistema.
“SEJA FELIZ, CONTINUE PRODUZINDO! HAHAHA”
Meu cu.
Tô cansada de produzir, ou tentar.
Não aguento acordar e entender que eu tenho a merda de um emprego, que eu preciso de dinheiro pra coisas que sou obrigada a fazer e pra pagar um monte de coisa que eu quero ter porque acredito que tendo elas eu serei mais bonita.
Eu tenho pensamentos egoístas e não amo quase nada nem ninguém no mundo. Que tipo de ser é esse? Todo mundo é assim mas fica se fazendo ou eu sou doente e escrota mesmo?
É ridículo, mas sigo sentindo inveja de todo mundo que ama fazer alguma coisa, seja lá o que for. Que ama tanto, que tá cheio de coisa pra fazer e sorri porque sabe que está no caminho certo.
Eu só quero dinheiro pra sentar o rabo nos melhores cafés e restaurantes, assistir filmes e viajar. Viajar só eu e Rodrigo, não pra conhecer pessoas, estou cansada delas. Quero jogar conversa fora e transar, admirar as paisagens, artes, shows. Sem obrigações. Sem as porras das obrigações.
Dizem que é impossível ser feliz fugindo das responsabilidades, mas eu tô cheia delas no momento e tô um caco. Essa história foi inventada pra que as pessoas se sintam importantes e então, amem a vida.
É tudo masturbação no final, como diz um amigo. Não passa disso. A minha diferença é que eu assumo isso e não invento desculpas pra maquiar. Eu só quero o gozo.
E se mesmo assim, eu ainda achar tudo ridiculamente estúpido, posso morrer. Morrer na glória.

Não tive a reunião ontem, foi cancelada. Mas vou me encontrar com a Marina na sexta e espero do fundo do meu coração que eu seja capaz de fazer alguma coisa. Pensei em desistir, mas não quero, não quero ficar no e se? Eu quero querer alguma coisa, isso conta como primeiro passo?
Quero relatar aqui também que eu odeio tecnologia. Eu odeio, já cheguei a essa conclusão faz tempo, mas nunca registrei em algum lugar.
Se eu não tivesse passado tanto tempo da minha vida admirando a vida dos outros, vasculhando, invejando, talvez eu tivesse encontrado o amor próprio que eu tanto procuro. Se eu não ficasse exposta a tantas pessoas fortes e criativas eu não iria olhar pra mim com desprezo e me achar merda, fraca e abandonada. Não ia querer morrer tanto assim.
Eu sei disso à alguns meses, mas essa merda toda é mais forte que eu, ou ao menos tem sido. Eu não quero deletar minhas contas por isso significar uma outra derrota, mas talvez, só talvez, se eu abandonar essa luta e aceitar perder, eu possa ganhar uma outra.
Não custa tentar.

Eu estava procurando pincéis quando encontrei esse diário do primeiro semestre do ano de 2017 jogado entre as coisas. Abri e caiu nessa página. Achei interessante compartilhar algumas loucuras bem pessoais minhas, não sei bem porque. Talvez eu esteja cansada de me sentir um monstro e sozinha. Não resolve nada se na verdade eu realmente for um monstro, mas ao menos agora vocês podem se proteger, se quiserem. Hahaha. 

Penumbra

Amargurado o canto preso em minha garganta
Que não sai em forma de notas
Mas desce com a saliva áspera
Em meio ao escuro e o clarear.

Lascívia ávida, o meu penumbrar.

A lentidão do tique taque nos corredores
Me traz remotos pavores
Que há tanto eu não queria buscar.
Busco pela teimosia
E anseio pelo pouco de dor
Que esse amor irá causar.

Passa a dor e o amor fica
Fica com essa ausência de tudo que é esse nada
Quando não tenho o sabor do seu olhar.
Tenho fome de ti, fome de seus olhos famintos
Olhar de lobo ao luar.

Ressonâncias

Lá é sempre lá
Mesmo que se confunda ou misture
Com qualquer outra nota
O lá é especial e melancólico
Assim como o lá que não é aqui

Aqui
A tristeza da nota insiste em permanecer
Pairando no ar, me tirando para dançar
Não quero dançar aqui, somente lá

Porque tão triste, heim, lá?
Me ensinaram há tempos
Aqui na frente desse mesmo portão enferrujado
Os sentimentos de cada nota
Dedilhando lentamente
Descrevendo
Recitando
Cantarolando

Quando chegou sua vez
Não foi preciso dizer que você era a tristeza
Porque ela imediatamente
Se instalou no meu coração
Eu gosto de sentir você
Eu gostaria de tocar você

Quero te tirar do ar e te pegar pra mim
Porque me compreende

Somente um pouco de lá em mim
Iria tragar a minha tristeza para seus pulmões aflitos
E depois soltar como fumaça para o céu
E então,
Depositaria em seu lugar a ressonância harmônica de paz

Como pode uma nota triste trazer alegria?
Tristeza entende tristeza, veja bem
Um pouco de lá aqui, e então eu fico bem.

Canto aflito

Levanto  e canto
A voz é presa e rouca
O sentimento é solto
A melodia é pronta

O lápis aponta
A boca se cala e sento
Penso pensamentos pesados
A mão treme ao relento

Respiro e escrevo
Tento encontrar a força
Escrevo sobre desespero
Essa coisa guardada na bolsa

Carrego pra todo lado
Fecho o ziper pra não escapar
O fecho fica cansado
E grita que quer soltar

Solta logo a dor
Deixa a lágrima sambar
O samba triste de quem escreve
Quando na verdade se quer cantar.

2

As horas correm normalmente, a tristeza contínua partiu.
O ódio permanente de mim mesma deve morar em algum canto, mas já não tenho livre acesso a ele. Talvez eu me odeie só no subconsciente. Talvez eu não me odeie mais.
Não importa a hora que eu durma, eu irei acordar renovada. A energia corre como nunca pelo meu corpo e sinto vontade de fazer coisas inimagináveis. Eu não sabia que eu podia querer. Eu não sabia que eu podia conseguir. Eu não lembrava que eu poderia ao menos tentar e que se o fracasso me alcançasse ele nunca seria tão forte para me segurar para sempre.

Dois meses afastada das redes sociais. Sinto como se eu emergisse de águas limpas e claras todos os dias. Eu tenho levantado e feito coisas, pensado em coisas. Nada é perfeito e às vezes não me sinto tão produtiva quanto eu poderia estar, mas vou tentando. Ao menos tento. Sento e faço o que está ao meu alcance, forço o pensamento e tento ir longe.
Outra vez sei o que é degustação musical. Eu estou livre para deitar em minha cama e ir para outra dimensão, me deixo viajar para todos os universos que a música me fornece. E eu amo sentir. Eu amo como eu sinto arrepios, eu amo como posso sentir a dopamina correndo por todo meu corpo. Eu amo as lágrimas involuntárias que caem ao tocar do piano. O piano me toca.
Não posso dizer que tenho me importado mais com as pessoas, mas com toda certeza tenho me entregado mais as coisas. Tenho me entregado a mim mesma.
O minimalismo faz com que eu queira gastar meu tempo apenas com o que é necessário, indispensável, único e que me traz felicidade. Afável.
O respirar não pesa tanto e existir ainda é uma péssima opção, mas quero fazer com que isso se torne o menos pior possível.
A lembrança da abstinência parece uma ilusão. Não posso acreditar que senti falta de algo tão raso. Que fui possuida, controlada por uma força que sequer deveria existir. Há mais do que imagem. Eu sei que nos dias de hoje é difícil acreditar nisso, mas há mais. Há mais do que comprar e exibir e comprar e tirar fotos e comprar e deixar num canto e comprar. Há mais do que a masturbação desenfreada.
Não posso dizer que sei o que há tanto. Mas sei que há. Olhos antes vendados e machucados agora sentem-se livres para espiar por detras das cortinas. Eu vejo os bastidores. Há feiura e beleza como eu qualquer canto do mundo, mas sinto minhas pernas se moverem conforme o meu comando.
Agora eu sei que posso escolher para onde quero ir.