imortalidade

Resto

Rabisquei um poema curto em um guardanapo hoje e não fiquei satisfeita. Poucas palavras poderiam bastar já que soam leves e talvez o problema seja que o que eu carrego é pesado, e assim, alguns pedaços da dor acabam caindo pelo caminho, ficando de fora dos versos.
O que fazer com os restos? Sempre tem alguém para dizer que os restos nós devemos jogar fora e em muitas ocasiões concordei, até que vi em algum lugar uma imagem me lembrando que não existe “fora”. Talvez os restos me sejam úteis. Talvez nem mesmo a dor inteira me seja útil. Se já não sei direito o que fazer com os momentos obscuros, imagino que se a luz voltar eu entrarei em um desespero ainda maior.
Aflição e sentimentos familiares são silenciosos, porém, fazem a maior bagunça. Fico deprimida e na maioria dos dias não sei o porquê. Falta de confiança em mim e nos outros, falta de cerveja, medo. Estes sentimentos me deixam à deriva. Ver garotas bonitas também. Não saber o que vem pela frente é assustador e provavelmente o maior temor de cada pessoa, mas não saber o porquê de ter feito algo não é menos desagradável. Já não sei se preciso de um lugar para guardar meus restos. Eles estão presos nesse pedaço de papel e provavelmente mais tarde estarão presos em um arquivo no computador, e mesmo assim, continuarão insignificantes.
Meu sorriso hoje não brilha mais do que já brilhava ontem. Meus pensamentos também não estão menos negativos do que antes. Meu coração ainda bate com sede de amor, mas temo por secar a fonte de onde retiro o meu. Já anseio pedir. Não acho que eu deva, embora minha alma clame. Este papel vai acabar em um cesto de lixo, posteriormente, eu em um caixão. Palavras não morrem, ou ao menos tardam, e talvez esse seja o meu conforto.
Eu ainda não estou satisfeita, mas agora ao menos, tem mais esse texto bosta aqui.